Mal marquei a minha viagem à Lapónia (Finlândia), comecei a pesquisar o que devia vestir com frio extremo. Nunca tinha estado sequer num local abaixo dos 0ºC e as previsões indicavam temperaturas abaixo dos -20º C.

Confesso que ao início me senti um bocado perdida no meio de tanta informação disponível sobre o assunto e, por isso, espero mesmo que este post vos ajude a planear a vossa visita a um local com temperaturas extremas como as da Lapónia.

Apesar de ter tido bastante sorte na viagem (na maioria dos dias os termómetros rondaram os -10 ºC), nos últimos dois dias cheguei a apanhar -26 ºC, com a sensação térmica de -31 ºC. Como podem ver, deu mesmo para por em prática tudo aquilo que tinha lido sobre o assunto 😉

Após muita leitura, concluí que é consensual que o segredo sobre o que vestir em frio extremo são as camadas. Geralmente nos locais onde existem este tipo de temperaturas, os edifícios são muito aquecidos e, por isso, temos de estar preparados para tirar/colocar roupa bastante frequentemente.

Além disso, é muito importante saber escolher os materiais corretos. Se os tecidos da nossa roupa ficarem molhados é meio caminho andado para ficarmos com frio e isso é exatamente o que queremos evitar 😉

Tendencialmente uma pessoa com o frio transpira menos e, por esse motivo, não vale a pena irmos carregados de camisolas grossas. O ideal será apostar em ir trocando as camadas base já que são essas que estão em maior contacto com o corpo!

Assim, para o tronco devemos vestir entre 3 a 4 camadas:

1ª camada:

• Deve ser justa ao corpo para absorver qualquer e eventual transpiração.
• O objetivo desta camada não é propriamente aquecer, mas sim garantir uma rápida absorção (evitar ao máximo peças de algodão já que têm exatamente o efeito contrário)
• Materiais ideais: lã merino ou polyester
• Acabei por comprar a gama mais básica da Decathlon 

💡 DICA EXTRA: Se não tencionam utilizar estas roupas muitas mais vezes, optem por peças em polyester. É mais barato, dura mais e seca mais rápido que a lã merino. A grande vantagem da lã merino é mesmo a sua respirabilidade e maior resistência aos odores.

2ª camada:

• O objetivo desta camada é reter o calor do corpo
• Uma camisola polar (de polyester) ou de flanela são ideais (comprei uma na Decathlon)

3ª camada:

• Preferencialmente camisola grossa de lã (não precisa de ser 100% lã, mas é preferível maiores percentagens de lã).

💡 DICA EXTRA: Para temperaturas até -15ºC, estas 3 camadas são suficientes. Para temperaturas mais baixas, sugiro acrescentar uma 4ª camada entre a 1ª e 2ª camadas. Uma camisola mais fina e justa de lã poderá ser suficiente 😊

Por fim, importa garantir que temos um bom casaco que isole bem do vento e que seja impermeável para permanecermos secos em dias que neve. Quanto mais comprido for o casaco, mais este irá aquecer também as pernas. Adicionalmente, a existência de carapuço pode ser muito útil para aquecer a cabeça (mesmo perante a utilização de gorro). Comprei o casaco mais quente que existia na Decathlon e foi precioso durante os meus dias na Lapónia!

Nas pernas também devemos usar mais do que uma camada:

1ª camada:

• À semelhança do tronco, o objetivo desta camada é absorver qualquer transpiração
• Umas calças térmicas cardadas são a escolha ideal
• Materiais ideais: lã merino ou polyester
• Comprei a opção mais barata na Decathlon 

2ª camada:

• Calças de neve que sejam impermeáveis (muitas vezes, temperaturas tão baixas trazem consigo uma grande probabilidade de neve pelo que devemos estar prevenidos)
• Se possível, optar por umas calças de neve cardadas para maior sensação de calor
• Comprei estas calças de neve na Decathlon e funcionaram na perfeição

💡 DICA EXTRA: Também neste caso faz mais sentido investir nas calças da 1ª camada já que apenas estas estarão em contacto com o corpo. Para uma viagem de 5 a 7 dias, 1 par de calças de neve é mais do que suficiente. Para temperaturas abaixo dos -15ºC, sugiro adicionar mais um par de calças térmicas ou uns collants normais. 

Em temperaturas tão extremas não chegam umas simples luvas de lã. Desta forma, o ideal é usar uma primeira camada de luvas mais finas e depois usar umas luvas sem dedos por cima (preferencialmente cardadas no interior).

As luvas sem dedos permitem aos dedos estarem mais juntos, o que os deixa mais quentinhos.

💡 DICA EXTRA: Com temperaturas tão baixas, é quase uma missão impossível ter as mãos expostas ao frio sem qualquer proteção. Assim sendo, recomendo vivamente que o par de luvas base dê a possibilidade de usar smartphones, para que não seja necessário retirar as luvas quando quiserem tirar uma foto. Esta foi para mim uma das maiores dificuldades porque o par de luvas que comprei para base não era suficientemente quente.

Os pés são umas das partes do nosso corpo a ficar fria mais rapidamente e por isso temos de ter um cuidado extra especial com eles! E, mais uma vez, o segredo está nas camadas:

1ª camada:

• Meias de lã mais finas (quanto maior a percentagem de lã, melhor) – comprei na loja Pé de Meia
• A lógica é a mesma das outras camadas base: escolher materiais que permitam uma boa absorção da transpiração

2ª camada: meias mais grossas de lã – comprei estas de lã de alpaca na Amazon

💡 DICA EXTRA: Para dias em que o termómetro baixe dos -15ºC, sugiro adicionar mais um par de meias de lã ou cardadas para garantir calor extra.

Por fim, é também importante garantir que usamos calçado adequado. O calçado ideal são botas com boa tração para a neve, impermeáveis e se possível cardadas para uma sensação extra de calor. É importante garantir que a sola é feita de materiais 100% impermeáveis (borracha, por exemplo) e com uma grossura considerável para entardecer o contacto com o chão frio. Novamente optei por comprar um par da Quechua na Decathlon.

💡 DICA EXTRA: Com a quantidade de meias que é necessário usar, devemos comprar umas botas 2 a 3 tamanhos acima do nosso tamanho habitual. Além disso, se o pé ficar muito apertado (e o sangue mal circular), mais rapidamente fica frio.

Um gorro é essencial… acho que até aqui todos estamos de acordo 😊 No meu caso, acabei por comprar um cardado por dentro, que dava uma sensação extra de calor!!

Para além disso, apesar de não ser sempre necessário, poderá dar muito jeito uma gola para proteger especialmente o nariz. Aqui a melhor opção será optar por golas de lã merino que absorvam bem o ar que vamos respirar para cima da gola.

Outra opção para manter os pés mais quentinhos é usar palmilhas de fibras naturais, como a lã, por exemplo. Tal ajuda que o frio do chão que pisamos não chegue tão rápido ao pé.

Além disso, uma excelente opção é comprar escalfetas que servem para dar uma sensação mais rápida de calor nos pés, mãos ou corpo. As escalfetas são pequenas saquetas que se abanam e colocam dentro das botas, luvas ou casaco e que emitem calor até 5 horas.

Por fim, não que tenha a ver com o que o vestir com frio extremo, mas a verdade é que o frio seca muito a pele. Assim sendo, precisamos de começar o mais rapidamente possível a hidratar a nossa pele. Este creme da Weleda foi a minha verdadeira salvação. Apliquei todos os dias à noite na cara (que não chegou sequer a ficar seca!) e várias vezes ao dia nas mãos, para garantir sempre hidratação máxima 😊

Agora que ficaram a saber algumas dicas sobre como sobreviver ao frio extremo, se tiverem interesse, deixo-vos aqui uma lista que podem imprimir para a vossa próxima viagem!