Já há muito que desejava visitar a Lousã. As fotos que via eram demasiado apelativas, ouvia dizer maravilhas da sua gastronomia… Na realidade, só me faltava encontrar mesmo oportunidade para visitá-la. Aproveitei um fim de semana prolongado para passar 4 dias bem relaxados e ficar a conhecer o que visitar no concelho da Lousã.
Qual a melhor altura do ano para visitar a Lousã?
Honestamente, qualquer altura do ano é boa para visitar o concelho da Lousã. No entanto, por estar localizada no interior de Portugal, os invernos são mais rigorosos e os verões mais quentes. Por exemplo, visitei em dezembro e estava bastante frio. Por isso, e para garantir uma visita mais agradável, sugiro que planeiem a vossa visita para os meses de maio e setembro.
Quantos dias são necessários para visitar o concelho da Lousã?
Antes de mais, relembro que este roteiro apenas diz respeito ao que visitar no concelho da Lousã e não na Serra da Lousã. Deste modo, e a apesar de a minha visita ter durado 4 dias, acredito ser bem possível incluir a maioria dos pontos ao longo deste artigo num roteiro de 2 dias.
Contudo, o objetivo desta viagem era também descansar e saborear tudo o que a Lousã tem para oferecer a um ritmo mais lento.
Alojamentos na Lousã
Quando falamos em dormir na Lousã, facilmente pensamos numa hipótese de alojamento nas típicas aldeias de xisto. Apesar de não o ter experimentado (ficará para uma próxima!), soa demasiado bem. No entanto, deixo aqui um ponto que considero relevante no momento de escolha do alojamento.
A maioria das aldeias não tem restaurantes e fica ainda a cerca de 20 minutos de carro do centro da Lousã, onde se situa a maioria dos restaurantes. Deste modo, se preferirem uma solução mais cómoda e com todos os serviços necessários nas proximidades, o melhor é mesmo optar por alojamento no centro da Lousã. Se optarem pelas casinhas de xisto, o ideal será escolher um alojamento com cozinha.
Estas são as minhas recomendações de alojamento na Lousã:
- Louzan Places: Trata-se de um alojamento local no centro da cidade da Lousã. As habitações são bastante espaçosas (3 quartos, uma sala e uma cozinha) e têm tudo o que precisam para uns dias bem passados. Estão ainda equipadas com ar condicionado, que é bem preciso nos dias mais frios. Além disso, o responsável pelo alojamento foi verdadeiramente incansável: desde dicas de restaurantes a experimentar até a sítios para visitar. Esteve sempre ainda disponível para qualquer assunto que fosse necessário. Recomendaria certamente uma estadia neste local!
- Cerdeira – Home for Creativity: apesar de não ter ficado hospedada aqui, este é um daqueles sítios claramente especiais. Inserido em plena aldeia de Cerdeira, aqui é possível ficar alojado em casas de xisto totalmente renovadas e equipadas. Tendo visitado esta aldeia, fiquei cheia de vontade de marcar uns dias neste alojamento numa próxima visita à Lousã.
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O que visitar no concelho da Lousã – Aldeias do Xisto
O concelho da Lousã contém cinco das vinte e sete aldeias que, em 2001, foram consideradas Aldeias do Xisto no âmbito do projeto Programa das Aldeias do Xisto. E todas merecem ser visitadas! São elas as aldeias do Talasnal, Cerdeira, Casal Novo, Chiqueiro e Candal.
Na realidade, existem ainda mais duas aldeias do xisto menos conhecidas e que, por algum motivo, não se encontram qualificadas como tal: Vaqueirinho e Catarrador.
Poderíamos achar que ao final da primeira ou segunda visita a estas aldeias, seria “mais do mesmo”. Mas não é assim, de todo!
Apesar de ter elegido facilmente a minha preferida (Talasnal), todas têm uma história diferente a contar. Se em alguma delas não vemos viva alma e somos apenas acolhidos pelo silêncio que lá habita, noutras sentimos ainda uma forte presença da comunidade que lá viveu outrora.
A verdade é que a maioria destas aldeias se encontra inabitada. Durante o século XX, muitas destas aldeias viram os seus habitantes migrarem para as cidades e foram ficando cada vez mais desertas. O projeto Aldeias do Xisto veio claramente trazer alguma vida a estes locais e alguma curiosidade para serem mais regularmente visitados.
» Talasnal
Cheguei a esta aldeia e foi amor à primeira vista. Juro que não exagero 😊 Estava muito frio e à entrada da aldeia tínhamos uma pequena fogueira do restaurante e albergaria Montanhas de Amor pronta para nos aquecermos. Entrámos aqui para almoçar e fomos muito bem atendidos.
De todas as aldeias visitadas, esta é aquela com mais movimento e onde nos cruzámos com mais pessoas. É também a aldeia que conta com mais serviços: 2 a 3 restaurantes, uns cafés e ainda algumas lojinhas de artesanato local.
Existem ainda algumas opções de alojamento local, certamente perfeitas para uns dias próximos da Natureza.
Apaixonei-me de tal forma por este sítio que tive de lá voltar no meu último dia na Serra da Lousã. Já mais ao final do dia, entrámos num pequeno estabelecimento – o Curral – onde comemos uma bela fatia de bolo de chocolate e mel. Tudo isto enquanto assistíamos a um por do sol belíssimo da varanda do café. Palavras para quê?
💡 DICA EXTRA: Ao visitarem a aldeia do Talasnal, não deixem também de visitar um dos melhores miradouros sobre esta aldeia. Aqui podem emoldurar na vossa memória (ou numa fotografia) o encanto da aldeia do Talasnal. Aqui ficam as coordenadas do local: 40°05’26.5″N 8°13’47.2″W
» Chiqueiro
Na nossa primeira visita ao Talasnal, embarcamos numa “pequenina” aventura e fizemos uma parte a Rota dos Serranos (percurso identificado como PR5). Iniciando o percurso na aldeia do Talasnal, são apenas 1,5 km para chegar a uma aldeia mais pequena ainda – Chiqueiro.
No entanto, não se deixem enganar (como eu!) pela curta distância do percurso. O início do percurso é bastante plano, mas a cerca de metade (assim que chegamos à nacional) o declive torna-se bastante acentuado. Não ia preparada para este tipo de aventura, mas as paisagens pelo caminho certamente compensaram.
Chegados ao Chiqueiro, apenas nos cruzamos com um senhor que fazia manutenção da eletricidade da aldeia. As casas pareciam não habitadas e aqui nem o turismo parecia ter ainda chegado. Vimos, no entanto, alguns projetos em construção de alojamento local que certamente poderão dinamizar a aldeia num futuro (que esperamos) próximo.
Acredito que, neste caso, a descrição do projeto das Aldeias do Xisto é aquela que melhor a descreve: “Apenas as campainhas dos rebanhos parecem contrariar a sensação de que aqui o tempo parou há muito.”
» Casal Novo
Apesar do receio que o percurso se pudesse assemelhar ao troço entre a aldeia do Talasnal e o Chiqueiro, arriscámos em continuar a rota dos Serranos. Desta vez o troço até à aldeia do Casal Novo contava com a distância de 1,1 km.
Este percurso, bem mais simpático que o anterior, brindou-nos com bonitas vistas. Tivemos ainda a sorte de nos cruzar com um pastor que passeava o seu rebanho.
Também na aldeia do Casal Novo demos por nós no meio de uma aldeia quase deserta, mas nem por isso com menos encanto.
Faltava menos de uma hora para o sol se por e tínhamos de regressar ao Talasnal, onde tínhamos iniciado esta aventura. Desta vez, iríamos regressar pelo percurso PR2 – Rota das Aldeias do Xisto, o que demora cerca de 40 minutos. Este foi claramente o percurso que mais me surpreendeu.
Para além da vegetação frondosa com que nos cruzámos ao longo do caminho, vimos também vários cursos de água. Era tudo tão bonito, que parámos vezes sem conta para tirar fotografias! Além disso, neste percurso existem ainda vários miradouros sobre a aldeia do Talasnal.
» Candal
Esta aldeia é uma das que tem mais fácil acesso em termos de estacionamento. Facilmente estacionamos o carro à “entrada” da aldeia e podemos explorá-la a pé. A aldeia tem ainda alguns pontos de interesse, desde o chafariz, aos moinhos de água ou ainda ao lagar de azeite.
No entanto, aproveitem para subir até ao miradouro com vistas espetaculares da aldeia. Quem está de frente para a aldeia, o miradouro fica do lado esquerdo.
Esta é ainda uma das poucas aldeias que conta com um pequeno restaurante e uma lojinha para comprar alguns produtos regionais. Aqui a comida é também maravilhosa e muito caseira.
Se tiverem algum tempo disponível, aproveitem também para visitar a cascata do Candal. O percurso é de cerca de 1 km (só ida) e é, por si só, bastante agradável.
Inicialmente não estávamos a encontrar o início do percurso, mas é bastante simples. Mesmo em frente ao restaurante Sabores da Aldeia, existe uma espécie de curso de água… basta descer umas escadinhas e continuar por aí.
O percurso está bem sinalizado daí em diante. Infelizmente, não vimos a cascata com todo o seu esplendor porque a certo ponto consideramos o caminho um pouco mais complicado e optámos por não continuar. De qualquer forma, deu para ver a cascata de cima.
💡 DICA EXTRA: Se tiverem um tempinho extra, aproveitem para percorrer uma parte do percurso PR3 – Rota da Levada. Este trilho liga as aldeias da Cerdeira e do Candal. O trilho entre as duas aldeias são cerca de 4 km ida e volta.
» Cerdeira
Segundo o projeto das Aldeias do Xisto, Cerdeira é “onde vive a inspiração”. Após um projeto de requalificação da aldeia, Cerdeira é atualmente um local de criação artística.
Vê-se que as casas estão bem cuidadas e dá gosto percorrer as suas ruas e ruinhas. Se tiverem oportunidade, não deixem de passar uma noite no fantástico Cerdeira – Home for Creativity.
» Vaqueirinho
Apesar de não ser considerada oficialmente uma Aldeia do Xisto, a aldeia do Vaqueirinho é também constituída por casinhas em xisto.
Lá chegados, deparámo-nos com uma carrinha “pão de forma”, onde se podia ver expostos no tablier ossos de animais. Enquanto lá estivemos, não vimos absolutamente ninguém.
Claramente mais degradada face às restantes aldeias, aqui fomos recebidos por uma família adorável de gatos que acabaram por nos acompanhar durante toda a visita.
Os gatos foram uma constante nesta nossa visita às aldeias do Xisto. Em quase todas elas, fomos recebidos por estes felinos extremamente dóceis, que faziam tudo para ter uma festinha.
Foi nesta aldeia que vimos também alguns elementos mais sui generis, a começar pelo bar (que naquele dia estava fechado) “Fim do Mundo”. Ao fundo, podia-se ouvir uma música tipo trance, o que não deixava de ser, no mínimo, caricato.
» Catarredor
Quando chegámos à aldeia do Catarredor (também esta não oficialmente uma Aldeia do Xisto), a música trance ouvia-se ainda de forma mais intensa. Após percorremos brevemente a aldeia, percebemos que ali habitava um estilo de vida bastante diferente das restantes aldeias que havíamos visitado anteriormente.
Mais um café sui generis, onde supostamente se vende o melhor “café da beira” e um conjunto de outros elementos que não pareciam “encaixar” com a antiga forma de vida destas aldeias.
Tudo isto na aldeia do Catarredor e do Vaqueirinho deixou-me curiosa. Tão curiosa que tive de ir pesquisar mais sobre elas… e foi aí que fiquei a perceber que são atualmente habitadas por alguns imigrantes que optaram por viver uma vida simplesmente mais “descomplicada”.
O que visitar no concelho da Lousã – Projeto “Isto é Lousã”
O projeto “Isto é Lousã” surgiu da ideia de dois amigos que queriam dar a conhecer ao mundo o que de melhor a Lousã tinha para oferecer.
Dessa forma, instalaram um conjunto de elementos na Serra da Lousã, estando estes estrategicamente colocados em sítios com vistas soberbas. Muito provavelmente, já terão visto algumas destas iniciativas nas redes sociais.
» Baloiço Alto do Trevim
O percurso para chegar ao baloiço mais famoso de Portugal vale por si só a pena. Lá em cima, as vistas são realmente espetaculares. O baloiço acaba por ser só um pormenor catita que lá está!
» Moldura – Isto é Lousã
No percurso entre o centro da Lousã e a aldeia do Talasnal irão passar por aqui. No nosso caso, passámos duas ou três vezes por este local e por isso tiramos várias fotografias.
» Letras – Isto é Lousã
Mais um espaço catita para tirar umas fotografias com uma vista soberba sobre a Lousã.
» Baloiço – Praia Fluvial da Senhora da Piedade
Mais um baloiço fotogénico e com um cenário bem romântico. No entanto, este baloiço é retirado no inverno por questões de segurança e, por esse motivo, não o conseguimos ver.
O que visitar no concelho da Lousã – Complexo Nossa Senhora da Piedade
Na zona envolvente do castelo da Lousã, temos ainda alguns pontos de interesse da cidade. Se estiverem de carro, estacionem junto ao castelo ou ao passadiço que foi recentemente instalado lá perto. Aproveitem, então, a começar a explorar o Castelo.
Seguidamente, desçam até à Praia Fluvial Nossa Senhora da Piedade. No verão, poderão passar aqui um excelente dia. Alternativamente, durante épocas menos quentes, poderão aproveitar para um belo passeio junto à praia.
Mais ao fundo, irão encontrar uma espécie de cascata, onde durante o verão e primavera é instalado o famoso baloiço suspenso sobre a água.
💡 DICA EXTRA: Se andarem por estes lados, aproveitem ainda para parar no Miradouro Nossa Senhora da Piedade ou na Varanda de Gevim para vistas sobre a cidade da Lousã.
O que visitar no concelho da Lousã – centro histórico
Se ficarem hospedados no centro da Lousã, aproveitem também para dar uma volta aos principais pontos de interesse da cidade.
O que visitar no concelho da Lousã – Aldeia de Casal Ermio
O concelho da Lousã não acolhe apenas aldeias do xisto. Se tiverem oportunidade, aproveitem para dar um saltinho à Aldeia de Casal Ermio.
Aqui poderão encontrar a Praia Fluvial da Bogueira, perfeita para uns mergulhos no verão ou uns passeios na natureza no inverno.
Restaurantes na Lousã
Come-se bem (MUITO BEM!) na Lousã… acho que tal é inegável! Conhecida pela chanfana, são vários os restaurantes que oferecem versões maravilhosamente confecionadas deste prato. Não percam a oportunidade de o provar! Adicionalmente, se forem mais gulosos, experimentem também os doces da região. A maioria dos doces é cozinhada com ingredientes típicos da Lousã: Licor Beirão, castanhas e mel. Simplesmente imperdível!
Tenho ainda outro conselho útil sobre onde comer na Lousã. As aldeias contam com poucos serviços, por isso o melhor é planear os passeios ou então levar mesmo merenda. Das 7 aldeias que visitámos, apenas o Talasnal e o Candal têm restaurantes. A aldeia da Cerdeira tem também uma espécie de café e o restaurante do alojamento Cerdeira – Home for Creativity. Em épocas de maior afluência e também devido à reduzida oferta, estes locais costumam encher com facilidade, por isso deverão reservar mesa.
Complexo Nossa Senhora da Piedade
- O Burgo (€€€): localizado junto ao Castelo da Lousã, este é o restaurante mais conhecido da Lousã. Habitualmente é difícil conseguir mesa aqui, mas neste fim de semana foi relativamente simples. Começámos a refeição com um prato bastante generoso de entradas simplesmente divinais (pataniscas, enchidos, cogumelos recheados, azeitonas, …). Como prato principal, optámos pela chanfana que era fabulosa… a carne muito bem temperada e bastante tenra.
Candal
- Sabores da Aldeia (€€): com confeção totalmente caseira, a comida é de muita qualidade e a sala é simplesmente acolhedora.
Talasnal
- Montanhas de Amor (€€): situado na aldeia do Talasnal, esta taberna oferece maioritariamente pratos de carne. Oferece também menus de caminheiros, se for o vosso caso.
- O Curral (€): pequeno café, perfeito para beber uma bebida e comprar um ou outro produto regional. O espaço conta com um terraço extremamente agradável.
Lousã
- Taberna Burguesa (€): para quem quiser fugir aos sabores mais tradicionais, aqui podem encontrar os melhores hambúrgueres da Lousã. Além disso, se ficarem hospedados num alojamento no centro da Lousã, podem também encomendar diretamente através do site.
- Casa Velha (€€): com uma carta variada, provámos as pataniscas com arroz de feijão. Para além de saborosas, a quantidade era também generosa.
- Propoli Geladaria (€): se vos apetecer uma sobremesa mais refrescante, ouvimos dizer (e comprovámos) que aqui se comem os gelados mais artesanais da Lousã.
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Gostei imenso. Conheço a Lousã, mas fiquei muito mais esclarecida. Descrição simples, mas com toda a informação para a encantadora Lousã.
Muito obrigada pelo feedback 🙂 Continuação de boas viagens! Mariana