Visitar a Covilhã não está nos planos de muitas pessoas. Apesar de ser uma das cidades mais importantes da tão acarinhada Serra da Estrela e uma das suas portas de entrada, fica muitas vezes esquecida.

No entanto, e apesar da Covilhã ser uma cidade relativamente pequena, há vários motivos para a visitar. Em primeiro lugar, é um destino que faz sentido visitar em qualquer altura do ano: no inverno em busca de neve nas terras mais altas, no verão para aproveitar algumas das bonitas praias fluviais existentes nas proximidades.

Além disso, a Covilhã tem um longo e vasto património histórico para o país. Por um lado, alguns homens originários desta cidade que tiveram relevância nos Descobrimentos Portugueses. É o caso do cosmógrafo José Vizinho, Frei Pedro da Covilhã e ainda o famoso explorador Pêro da Covilhã. Por outro, a importância da cidade da Covilhã enquanto uma das maiores produtoras de lã do país.

Atualmente, a Covilhã tem um dos polos universitários mais relevantes do interior do país (Universidade da Beira Interior), o que faz com que a cidade, apesar de localizada no interior de Portugal, tenha um espírito jovem e mais dinâmico.

Pertencente ao distrito de Castelo Branco, uma escapadinha na Covilhã, pode ser uma ótima desculpa para ficar a conhecer esta cidade da Beira Baixa e também para aproveitar muitos outros locais incríveis que ficam localizados ali perto.

Assim, ao longo deste artigo, poderão encontrar um resumo dos melhores locais para visitar na Covilhã, bem como outras dicas práticas para ficar a conhecer esta cidade portuguesa, tais como:

• Melhor altura do ano para visitar a Covilhã
• Quantos dias são necessários para visitar a Covilhã
• Hotéis na Covilhã
• Restaurantes na Covilhã

Além disso, uma vez que a Covilhã tem uma localização estratégica junto ao Parque Natural da Serra da Estrela, no final do artigo, irei também incluir várias sugestões de locais a visitar perto da Covilhã, para alargarem a vossa estadia nesta região de Portugal.

Há sempre uma desculpa para visitar a Covilhã. No inverno, a esperança de apanhar a Serra da Estrela coberta com um manto branco, faz com que muitas pessoas viajem até esta região em Portugal. No verão, as temperaturas mais altas e as praias fluviais com água fresquinha atraem outros tantos turistas.

Assim, qualquer altura do ano é boa para visitar a Covilhã, dependendo sempre do que queremos para aquela viagem. De qualquer forma, a Covilhã tem invernos bastante frios e verões quentes e secos. No entanto, apesar de nevar habitualmente muito perto da Covilhã, é raro nevar na cidade em si, pois esta não se encontra a altitudes assim tão altas.

Deste modo, se procuram visitar a Covilhã quando as temperaturas são mais convidativas, então os meses de abril a junho e setembro e outubro são dos melhores para visitar a Covilhã. Posso dizer que já visitei a Covilhã tanto no inverno como no verão e gostei de ambas as experiências 😄.

Por fim, caso gostem de festas e romarias, sugiro visitar nos meses de junho e julho que é quando acontecem as festas dos santos populares da região. Em particular, existe a Feira de São Tiago que acontece anualmente em julho e pode ser uma excelente altura para dar um saltinho à Covilhã.

Dada a pequena dimensão da cidade, num dia, conseguimos percorrer os principais pontos de interesse da Covilhã. No entanto, a Covilhã é uma excelente porta de entrada para a Serra da Estrela e para tudo de fantástico que este cantinho português tem para nos oferecer.

Assim, sugiro passar pelo menos dois dias na Covilhã. Isto irá permitir-vos saborear a cidade da Covilhã num dos dias e aproveitar para conhecer outros locais perto no dia que sobra.

Claro que este roteiro pode ser, facilmente, alargado mais dias, já que existem mesmo muitos sítios no Parque Natural da Serra da Estrela que vale a pena conhecer e dão excelentes day trips desde a Covilhã.

Os acessos à Covilhã são bastante bons, especialmente para quem viaja desde as principais cidades portuguesas (Porto, Lisboa) com carro. Do Porto são cerca de 250 km (2h40) e de Lisboa um pouco mais – 277 km (3h).

No entanto, para quem não tem carro, é também possível chegar à Covilhã utilizando transportes:

• Desde o Porto: existem autocarros diretos desde a estação de Campanhã. O serviço é da Rede Expressos, em que a viagem custa 17,5€ e dura cerca de 3h15
• Desde Lisboa: autocarros da Rede Expressos desde Sete Rios (desde 7,9€, demorando 3h25), mas também existem opções de comboios da CP (sendo a opção mais curta a do Intercidades)

A maioria dos pontos de interesse na Covilhã ficam localizados relativamente perto uns dos outros. Assim, é possível visitar a cidade maioritariamente a pé.

No entanto, se gostavam de explorar um pouco melhor a região envolvente, sem dúvida, que ter carro é a melhor opção.

Quando visitei a Covilhã fiquei hospedada num alojamento bem simpático – Casa das Muralhas. Este alojamento resulta de um projeto de restauro de uma casa antiga, localizada em pleno centro histórico da Covilhã.

Para além da sua localização excelente, os quartos são bem espaçosos e a decoração é simples, mas moderna. O espaço interior do alojamento é muito acolhedor, mas o exterior também, especialmente nos meses de verão.

Existe um espaço exterior com um pequeno bar onde servem cocktails no verão e uma piscina. Como só lá estive no inverno, acabei por não usufruir desta parte do alojamento, mas pareceu-me muito interessante para os meses mais quentes.

No entanto, existem outras opções excelentes de alojamento na Covilhã. Partilho algumas das minhas preferidas:

Antes de vos falar sobre os melhores locais a visitar na Covilhã, partilho um mapa com os principais pontos de interesse da cidade e também nos arredores.

Sugiro iniciar este roteiro da Covilhã em pleno centro histórico, numa das principais igrejas da Covilhã. Os azulejos azuis e brancos que revestem o seu exterior merecem ser contemplados com atenção, pois são belíssimos, representando a vida de Virgem Maria.

A igreja terá sido construída no século XVI e sofreu, entretanto, algumas alterações, sendo uma igreja de estilo barroco. É um local a não perder na Covilhã!

Sigam por ruas e ruelas desertificadas até chegar ao Miradouro Portas do Sol. É daqui que podem encontrar uma das melhores vistas da cidade e também das suas paisagens envolventes, como é o caso da Serra da Gardunha.

Aproveitem a visita a esta atração da Covilhã para espreitar o relógio de sol da Covilhã e também um dos murais mais populares de street art na Covilhã (mais sobre as peças de street art a seguir).

💡 DICA EXTRA: Os murais mais interessantes junto ao Miradouro Portas do Sul incluem os números 9, 12, 14 do festival WOOL | Covilhã Arte Urbana.

Desçam até à zona mais movimentada da Covilhã e visitem a Praça do Município, onde ficam alguns dos edifícios mais conhecidos da cidade, tais como a Câmara Municipal, a Igreja da Misericórdia da Covilhã ou ainda o Teatro Municipal da Covilhã.

Não deixem de admirar também a estátua de Pêro da Covilhã, localizada em frente à Câmara Municipal. Este homem é uma das figuras mais ilustres desta cidade portuguesa, pois foi enviado por D. João II à Índia e Etiópia no século XV para saber mais sobre as rotas da comercialização das especiarias.

💡 DICA EXTRA: Junto à Praça do Município, podem encontrar um dos mais bonitos murais na Rota de Arte Urbana da Covilhã – mural nº 18 do festival WOOL | Covilhã Arte Urbana.

Nas traseiras da Câmara Municipal da Covilhã, não deixem também de espreitar a Janela Manuelina ou a Cisterna da Covilhã.

Na Praça do Município, prestem especial atenção à Igreja da Misericórdia. A igreja data do século XVI, mas a versão atual foi apenas construída no século XVIII.

Infelizmente (e à semelhança de quase todas as igrejas por onde passei em ambas as minhas visitas à Covilhã), a igreja encontrava-se fechada quando visitei.

Muito perto, apesar de mais escondida, podem também espreitar a Igreja de São Tiago – igreja com uma torre sineira que é visível de quase todos os pontos da cidade.

Continuem em direção a uma das zonas mais agradáveis da cidade e aproveitem para admirar a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Esta igreja pertence ao antigo Convento de São Francisco, construído no século XVI.

No entanto, o seu aspeto exterior atual já conta com algumas alterações realizadas, entretanto, restando apenas o portal gótico original.

Residência antiga de Maria José Alçada e resultante de uma parceria entre a Câmara Municipal da Covilhã e o Arciprestado da Covilhã, o Museu de Arte Sacra pode ser um bom ponto a adicionar a este roteiro, caso apreciem arte sacra.

No interior do museu, podem observar coleções de pintura, escultura, ourivesaria, entre outros. Entre as peças que podemos lá encontrar, destaca-se especialmente o Relicário do Santo Lenho ou uma imagem de Cristo Deposto.

📝 INFORMAÇÃO ÚTIL: O Museu de Arte Sacra da Covilhã tem entrada gratuita e incluiu uma visita guiada (mediante marcação prévia). Funciona de terça-feira a domingo das 10h às 18h. Sugiro que consultem a informação mais atualizada aqui.

A zona envolvente do Museu de Arte Sacra e da Igreja Nossa Senhora da Conceição é um dos espaços verdes principais na cidade e um dos mais agradáveis – Jardim Público da Covilhã.

Se estiver bom tempo, este é o local ideal para descansar um pouco e beber uma bebida, por exemplo. Aproveitem também a visita a este jardim para terem vistas inesquecíveis da cidade, do Vale do rio Zêzere e também da Serra da Estrela 🥰.

💡 DICA EXTRA: Aproveitem a visita ao Jardim Público, para espreitar os murais de street art nº 25 e 31 do festival WOOL | Covilhã Arte Urbana.

É também do Jardim Público que têm as melhores oportunidades para fotografar a Ponte da Ribeira da Carpinteira. Existe um elevador gratuito que vos leva até a esta ponte pedonal. No entanto, quando visitei, o elevador não estava a funcionar.

Uma das provas da modernidade da cidade da Covilhã são todos os murais de street art que encontramos enquanto percorremos as ruas da cidade. Estes murais resultam do festival de arte urbana – WOOL (Festival de Arte Urbana da Covilhã).

Contando com a presença de artistas de diversas nacionalidades, um dos grandes objetivos deste projeto, que teve início em 2011, era a reabilitação do centro histórico da cidade e, consequente dinamização de zonas mais degradadas na cidade. A verdade é que as ruas se tornaram bastante coloridas e este é, atualmente, uma atração que traz mais turistas à cidade.

Pessoalmente, uma das formas mais engraçadas de apreciar estas peças de street é ir descobrindo-as à medida que vamos visitando o resto da cidade. No entanto, algumas peças são mais interessantes e, como tal, pode fazer sentido ver quais existem e escolher algumas em específico para visitar.

Esta Rota de Arte Urbana foi uma das minhas partes preferidas ao visitar a Covilhã. É um verdadeiro museu a céu aberto! Podem consultar os vários murais existentes aqui. Dou a nota que alguns dos murais vão sofrendo alterações ao longo dos anos.

Alguns dos meus murais preferidos foram estes:

• Mural #7 – Bordalo II (2014): Owl Eyes
• Mural #9 – Tamara Alves (2014): Orfão Selvagem
• Mural #12 – Samina (2015)
• Mural #18 – Third (2017): Coração

Se estão com algum tempo disponível e gostam de parques, recomendo também passar pelo Jardim do Lago. Fica um pouco mais distante do centro histórico da Covilhã, mas é um espaço amplo e agradável. No verão, este é um espaço de eleição dos locais para se refrescarem na Piscina Praia da Covilhã.

A Covilhã foi um dos principais produtores de lã em Portugal e, apesar da indústria ter entrado em declínio da região entretanto, continua a fazer parte da história da cidade.

Chegaram a existir centenas de empresas que transformavam a lã em tecidos, no entanto, a chegada de tecidos estrangeiros mais baratos acabou por levar à desvalorização desta atividade económica na região.

No entanto, dada a importância que os lanifícios tiveram na região, o Museu de Lanifícios da Covilhã é um dos locais que melhor nos conta a história da Covilhã. O Museu está situado em diferentes localizações, nomeadamente a Real Fábrica de Panos e a Real Fábrica Veiga.

📝 INFORMAÇÃO ÚTIL: Os diferentes núcleos do Museu de Lanifícios da Covilhã têm diferentes horários de funcionamento. Os preços também variam, mas podem visitar o núcleo da Real Fábrica Veiga e da Real Fábrica de Panos por 6€. Podem consultar todas as informações no site oficial, para melhor organizarem a vossa visita.

Dada a localização estratégica da Covilhã junto ao Parque Natural da Serra da Estrela, o que não falta são sítios belíssimos para visitar nas proximidades desta cidade beirã. Rapidamente uma visita de um a dois dias se transforma numa semana inteira, se assim quisermos.

Por isso, vou partilhar algumas sugestões de locais relativamente perto da Covilhã.

Aquele que é provavelmente um dos miradouros mais famosos da Serra da Estrela fica meramente a 10 minutos de carro (5 km) desde o centro da Covilhã. O miradouro tem vistas invejáveis sobre a Serra da Estrela e uma estrutura metálica que, dependendo das perspetivas, é bem fotogénica.

Sabiam que a famosa Torre – ponto icónico da Serra da Estrela fica a apenas 30 minutos de carro (20 km) da Covilhã? A quase 2000 metros de altitude é aqui que quase todos os turistas se dirigem à procura de neve na Serra da Estrela. Além disso, é o único local em Portugal que têm uma estância natural de ski. Há que aproveitar! Se estiver com neve, é um lugar verdadeiramente especial.

Também a apenas 30 minutos de carro da Covilhã, encontram a bonita e idílica praia fluvial de Unhais da Serra. Para além da sua beleza, é uma praia com excelentes infraestruturas. Excelente opção para refrescar nos dias mais quentes!

Se gostam de sítios que parecem saídos de contos de fadas, então não podem perder o Covão d’Ametade. É dos locais mais bonitos de toda a Serra da Estrela e é bonito em qualquer estação, faça neve, faça sol! Vão por mim que este é mesmo daqueles sítios que vale bem a pena 😍!

Um pouco mais longe da Covilhã (mais ainda suficientemente perto para visitar numa day trip), têm a praia fluvial de Loriga, que é das minhas preferidas na Serra da Estrela. Tem uma zona envolvente verdejante lindíssima e muito fotogénica.

A água é bastante gelada, mas nem isso impede os mais corajosos de ir a banhos nos meses mais quentes.

Se são como eu e gostam de, por vezes, conhecer sítios mais “obscuros” e que nos deixam a pensar como seria a vida ali há alguns anos, então não deixem de visitar um dos sítios mais caricatos desta região em Portugal – Termas Rádium.

As Termas Rádium são umas antigas termas e um hotel, que estão, atualmente, totalmente abandonadas. As termas usavam águas com rádio, oriundas de umas minas ali perto, pois achava-se que teriam propriedades boas para a saúde. No entanto, quando se descobriram os efeitos nefastos da radioatividade, o fim das termas e deste hotel rapidamente chegou.

Hoje restam apenas as ruínas de um local que outrora fez furor na região e que teve um final triste. Visitar este local tem tanto de mágico, como de assustador.

Uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal fica somente a 40 minutos de carro da Covilhã. Bem sei que já não fica no coração da Serra da Estrela, mas a aldeia é tão bonita que decidi incluir nesta lista de locais a visitar perto da Covilhã.

A aldeia é bastante pequena e, por esse motivo, visita-se muito rapidamente. Mas há algo que vos vai fazer querer ficar mais tempo. Existem ainda alguns pontos de interesse em Sortelha, mas a minha sugestão é que se deixem perder pelas suas ruas.

Também Belmonte é outra excelente opção para visitar nos arredores da Covilhã. Mais uma das Aldeias Históricas de Portugal que vale a pena conhecer, especialmente pela sua antiga judiaria.

Em dias com pouco nevoeiro, podem sempre visitar a Lagoa Comprida, a mais conhecida da Serra da Estrela. Trata-se de um antigo glaciar que acabou por sofrer uma expansão após a construção da barragem. É também aqui que fica localizado o tão famoso Covão dos Conchos que parece que nos vai transportar até aos confins da terra.

Certamente que não vão ficar surpreendidos se vos confirmar que se come muito bem na Covilhã. Há dois restaurantes que gosto particularmente e tenho mesmo de recomendar.

Em primeiro lugar, falo do restaurante Varanda da Estrela (ainda que tecnicamente fique em Penhas da Saúde). O espaço é muito acolhedor (especialmente no inverno) e a comida é deliciosa. Apesar do Arroz de Zimbro ser uma das estrelas da casa, gosto especialmente da bochecha de porco. Recomendo reservar, pois é dos restaurantes mais populares da zona.

Depois, se procurarem uma experiência mais gourmet, sugiro o restaurante Alkimya, no centro histórico da Covilhã. O espaço é muito giro, a comida tem uma apresentação excelente (e, consequentemente, os preços são um bocadinho mais elevados), mas a qualidade e o sabor são inegáveis.

Por fim, ainda que não tenha experimentado (ainda!) pessoalmente, já ouvi várias recomendações sobre a Lenda Viriato.

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