Muitas vezes quando se fala do Norte de Portugal, facilmente pensamos na região do Douro Vinhateiro e em locais como Peso da Régua ou Pinhão. Mas, mesmo ali ao lado, temos um bonito tesourinho ainda por descobrir para muitos – o Parque Natural do Vale do Tua. Continuem, então, a ler para ficarem a conhecer o que podem visitar no Parque Natural do Vale do Tua.

Muitos conhecem a Linha do Tua que ligava Foz Tua a Bragança até à construção da barragem do Tua, que fez com que parte da linha ficasse submersa.

Hoje em dia, a região tem aparecido mais no mapa, especialmente após a construção de alguns dos miradouros mais bonitos de Portugal ali. E foram mesmo estas paisagens lindas que via em fotos que me fizeram querer mais visitar este Parque Natural.

No entanto, enquanto lá estive, percebi que a região tem muito mais para nos oferecer para além dos bonitos (e mais trendy) miradouros. E é mesmo isso que vos quero mostrar neste roteiro de 2 dias pelo Parque Natural do Vale do Tua 😊 Uma região belíssima que devem adicionar à vossa lista de locais a visitar no Norte de Portugal.

Existe uma expressão popular que acho que descreve bem a meteorologia para estes lados: “9 meses de inverno e 3 de inferno”. Se os invernos são rigorosos, no verão predomina o calor excessivo. Desse modo, a melhor época para visitar a região é na primavera ou início, ou fim do verão.

Recomendo pelo menos 2 dias completos para visitar o Parque Natural Vale do Tua, pois ainda existem alguns pontos de interesse. De qualquer forma, é sempre possível acrescentar uns dias ao vosso roteiro se quiserem conhecer mais uns quantos locais na proximidade do parque.

• Dia 1: Tralhariz – Olhos do Tua – Miradouro São Lourenço – Carrazeda de Ansiães – Vila Flor – Forca Freixiel – Vilarinho das Azenhas – Anta de Zedes – Tralhariz
• Dia 2: Tralhariz – Foz do Tua – São Mamede de Ribatua – Miradouro do Ujo – Alijó – Favaios – Casal de Loivos – Provesende

Não tínhamos muito tempo disponível para conhecer a região e, por esse motivo, optámos por um alojamento que ficasse relativamente a meio do Parque para que num dia conseguíssemos explorar o lado direito e noutro o lado esquerdo, já em direção a casa. Desta forma, optámos por pernoitar num fantástico turismo rural na Aldeia de Tralhariz, localizada a 20 minutos de carro de Foz Tua ou de Carrazeda de Ansiães.

O alojamento Casal de Tralhariz tem várias casinhas disponíveis e oferece-nos tudo o que precisamos. As casas são simples, mas muito acolhedoras. O espaço exterior é bastante amplo, tem imensas zonas lindíssimas e ainda um antigo lagar de azeite. O alojamento oferece também uma piscina para os dias mais quentes e ainda um espaço comum de churrasco. O atendimento foi soberbo… sempre preocupados com que não nos faltasse nada.

No entanto, existem outros locais com excelentes ofertas de alojamento, nomeadamente em Alijó, Carrazeda Ansiães, Vila Flor e Mirandela. Deixo aqui algumas sugestões que, apesar de não ter experimentado, estavam na minha seleção de favoritos quando procurava alojamento na região:

• Hotel Casa do Tua
• Casa da Chã!
• Quinta do Palame
• Casa Dona Urraca
• Casa de Campo das Sécias
• Casa da Trigueira

Saímos da aldeia de Tralhariz em direção a aldeia de Castanheiro do Norte. Passados 6 minutos de viagem de carro, o dia começava no primeiro de vários miradouros que iríamos visitar ao longo dos 2 dias – miradouro Olhos do Tua.

O miradouro tem uma espécie de varanda sobre aquele que podia bem ser o Horseshoe Bend português. Na realidade, este miradouro representa a quilha de um barco, com alusão à navegabilidade desta zona do rio.

💡 DICA EXTRA: Mesmo sendo um percurso curso, a caminho do Miradouro dos Olhos do Tua, fizemos uma pequena paragem no miradouro Senhor da Boa Morte! Apesar da vista não ser tão espetacular como outros miradouros que visitei durante o fim de semana, vale a pena uma paragem aqui.

Continuámos a viagem em direção ao Miradouro de São Lourenço. Novamente aqui somos prendamos com mais uma varanda com uma vista fenomenal sobre o rio Tua. No entanto, esta varanda tem um pormenor mais interessante… a silhueta de São Lourenço. É difícil resistir, não acham?!

💡 DICA EXTRA: Porque sou uma eterna apaixonada por uma bela paisagem, claro que tive de parar em mais um miradouro no caminho até ao próximo destino. Desta vez, foi a vez de conhecer o Miradouro de Parambos, localizado mesmo junto à berma da nacional N214.

Carrazeda de Ansiães estava meio deserta, meia que abandonada, mas, mesmo assim, gostei da visita. A vila é bastante pequena, mas merece claramente a nossa visita. Começámos a visita por apreciar as bonitas árvores floridas no Jardim da Praça Dom Lopo Vaz de Sampaio.

Após passarmos pela Igreja de Santa Águeda, continuamos em direção ao Pelourinho da vila, local onde podem também visitar a Fonte das Sereias ou a Biblioteca Municipal.

Subimos finalmente ao Moinho de Vento, de onde é possível avistar grande parte da vila. No entanto, ao que parece o moinho já não se encontra em atividade há mais de 100 anos. Na realidade, o moinho terá sido construído no início do século XX e esteve apenas 10 anos em funcionamento.

Por fim, terminávamos a nossa visita com uma paragem junto à estátua em homenagem às mulheres de Ansiães de Hélder de Carvalho.

No entanto, apesar de termos seguido em direção ao ponto seguinte, voltámos ao final do dia para visitar o Castelo de Ansiães. O sol já se estava a pôr e tínhamos o castelo só para nós. Foi uma experiência totalmente mágica 😊 Palavras para quê?

O castelo é claramente um dos pontos que não podem perder numa visita a Carrazeda de Ansiães. A antiga sede do concelho era na vila de Ansiães e assim o foi até ao século XVIII. Desde aí que o castelo ficou abandonado e, atualmente, é possível visitar as ruínas daquilo que outrora foi a sede do concelho. 

Na visita, poderão visitar ainda duas igrejas: a Igreja de São João Baptista (mesmo à entrada do Castelo) ou a Igreja de São Salvador de Ansiães.

Seguiu-se Vila Flor e esta foi uma das surpresas mais agradáveis de viagem. Mais uma vez, trata-se se uma vila pequena, mas não menos interessante.

Estacionámos o carro junto à Praça da República e rapidamente começámos a explorar a vila. Começámos pela Igreja Matriz de Vila Flor e pelo Pelourinho que ficam mesmo lado a lado. Deixámo-nos perder por ruas e ruelas até chegar à Fonte Romana, de onde seguimos para o Arco D. Dinis.

Chegávamos, então, à Igreja da Misericórdia e lá perto observámos alguns locais que aproveitavam o dia sentados nuns banquinhos do jardim.

Por fim, aproveitámos ainda para visitar por fora a colorida Câmara Municipal de Vila Flor.

Para vistas esplêndidas sobre Vila Flor, vale a pena ainda subir de carro até ao Santuário Nossa Senhora da Lapa. O espaço conta com imensos bancos onde podem parar para apreciar a paisagem. Mais acima um pouco, existe mesmo um miradouro bem antiguinho com vistas ainda mais diretas sobre toda a vila.

💡 DICA EXTRA: No percurso entre Vila Flor e Vilarinho das Azenhas, podem fazer um pequeno desvio para visitar a Antiga Forca de Freixiel. Na realidade apenas resta da forca dois pilares lado a lado com quase 3 metros de altura. Mas, para os mais curiosos, poderá fazer sentido este pequeno desvio.

Vilarinho das Azenhas é um dos últimos pontos a visitar neste primeiro dia do roteiro pelo Parque Natural do Vale do Tua. A aldeia é bem pequena, mas é aqui que começa um dos percursos pedestres mais conhecidos do Parque. O percurso liga a aldeia de Vilarinho das Azenhas à aldeia de Ribeirinha. São 4 km (apenas ida), que podem ser feitos de forma bastante tranquila. Infelizmente, o tempo já era curto, enganámo-nos a encontrar o início do percurso e, assim, acabámos por não o percorrer.

Para quem tiver interesse, o percurso inicia-se junto à Igreja de Vilarinho das Azenhas e está identificado como PR4 VFL. Acabámos por dar uma voltinha pela aldeia enquanto apreciávamos as pequenas casinhas e o corredor de rosas e outras flores que ali existia.

Em Vilarinho das Azenhas, vale também a pena visitar o Santuário da Nossa Senhora dos Remédios. A estrada não se encontra nas melhores condições, mas devagar e com alguma paciência é possível chegar lá com um carro ligeiro.

💡 DICA EXTRA: Se são apreciadores de monumentos megalíticos, podem fazer uma paragem na Anta de Zedes, situada no concelho de Carrazeda de Ansiães.

O segundo dia era já dia de regresso ao Porto e, dessa forma, iniciámos viagem para o lado esquerdo, em direção Porto, mas também do Douro Vinhateiro. É verdade! Fizemos uma pequena batota e demos também um saltinho a esta região vizinha 😉

Aproveitem para visitar a estação ferroviária de Foz Tua, onde agora se localiza o Centro Interpretativo do Vale do Tua. Claramente um local de visita obrigatória para quem pretende saber mais sobre a região e a história da famosa linha do Tua. E se falamos em história deste local, o melhor é mesmo também não perder a barragem.

Como seria de esperar, a barragem em si não tem nada de especial. O que vale realmente a pena é o caminho para lá chegar! Vai ser difícil não ter vontade de parar o carro a cada 2 minutos para tirar fotos.

Depois de mil e uma fotos às margens do rio Douro, chegava a vez de visitarmos a aldeia de São Mamede de Ribatua.

A aldeia é muito pequenina, mas deixem-se perder pelas suas ruas. Não deixem de passar na Igreja Matriz de São Mamede, onde mesmo ao lado, vá-se adivinhar, têm mais uma paisagem soberba.

Porque o ex-libris deste roteiro são as paisagens fenomenais dos vales e meandros quer do rio Tua, quer do rio Douro, o ponto de paragem seguinte foi mais um miradouro.

O Miradouro do Ujo é um dos mais famosos da região pelo que expectável que tenham companhia quando o visitarem. É difícil encontrar palavras para tamanha beleza… e acreditar que tenho isto tudo no meu país!

💡 DICA EXTRA: Se estiverem com uma dose de energia extra, experimentem o Trilho das Fragas Más que inicia e termina em São Mamede de Ribatua. Neste trilho poderão também tirar mais umas quantas fotos e apreciar a vista do miradouro das Fragas Más. No entanto, deixo apenas o alerta para não tentarem chegar ao miradouro de carro, uma vez que a estrada que liga São Mamede de Ribatua ao miradouro se encontra em más condições.

Depois de um fantástico almoço no restaurante Cêpa Torta, chegava a vez de dar uma voltinha por Alijó. Passámos pelos Paços do Concelho, pelo Pelourinho, pela Biblioteca Municipal e ainda pela Igreja Matriz.

Favaios é eternamente famosa pelo Favaíto, o moscatel mais conhecido em Portugal. No entanto, Favaios tem mais para visitar do que a Adega Cooperativa de Favaios –podem consultar todas as informações necessárias para agendar a vossa visita aqui. 😉

Aproveitem para passear pelo centro de Favaios, parando junto à Igreja Matriz de São Domingos ou ainda junto à antiga Escola Primária. Depois, para as melhores vistas de Favaios, é obrigatória subida até à Capela de Santa Bárbara – prometo que não se irão arrepender.

E depois de dois dias no Parque Natural Vale do Tua, chegava a altura de darmos um saltinho muito curto à região do Douro Vinhateiro. A primeira paragem foi em Casal de Loivos, onde encontrei o meu miradouro preferido de todo o fim de semana. Se isto não é o paraíso na Terra, então não sei o que é.

Terminávamos, então, o fim de semana na Aldeia Vinhateira de Provesende… e não podia ter escolhido melhor o último sítio para visitar 😊

Aproveitem para visitar o centro histórico da aldeia e passar em alguns locais como o Pelourinho, a Igreja Matriz, a casa revestida a heras ou ainda a fonte de granito.

• [Foz do Tua] Calça Curta (€€): um restaurante sobre o rio Tua e com bons pratos tradicionais portugueses
• [Alijó] Cêpa Torta (€€€): simplesmente divinal! Provámos as bochechas de porco e o javali estufado e, para terminar, um quindim de côco. Os preços são um bocadinho mais elevados, mas compensa imenso.
• [Carrazeda de Ansiães] Restaurante Convívio (€): apesar de não ter sido o meu restaurante preferido do fim de semana, este restaurante oferece pratos acessíveis e saborosos.

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